No dia 22 de novembro, é comemorado o dia do músico e por esta ocasião o CTG Porteira do Rio Grande quer prestar uma homenagem a todos os talentos que abrilhantam nossos eventos e acompanham o Departamento Artístico. Para isso, conversamos com os integrantes do nosso musical: Alan dos Reis Zotti, Carlos Ariel Debona, Cassiano Paim, Ederson de Lima Gerlach e Everton Cristiano Hoffmann

CASSIANO PAIM

Cassiano Paim, o cantor do musical do CTG Porteira do Rio Grande é um dos mais experientes do grupo. Ele integra a equipe há praticamente 25 anos, com alguns afastamentos devido a sua mudança de cidade e ao trabalho.

Quando e como iniciou sua carreira musical?
A música, na minha vida, começou aos quatro anos, quando eu ganhei uma gaitinha do meu pai, que eu tenho até hoje, e fui fazer aula. Mas não tive muito sucesso, acho que era muito novo. Depois fui estudar piano, pois eu queria cantar e tocar violão, e assim teria contato com a música. Com mais ou menos oito anos, eu, juntamente com o Edinho (que também integra o musical), formamos a nosso primeiro dueto, no Colégio São José, onde cantávamos música sertaneja. Começamos naquele tempo e cantamos juntos até hoje.

Como surgiu este grupo?
Somos um grupo de amigos que toca no CTG Porteira do Rio Grande. Nós conseguimos formatar um conjunto que já tocava lá pelo ano de 2000, mas infelizmente com a ausência do falecido Clodomiro Hoffmann. É um conjunto que faz leitura das canções e músicas de invernada com as características próprias da região. Tudo o que fizemos é em grupo. Nosso trabalho não é melhor e nem pior do que ninguém, é diferente, e agradeço a patronagem e aos instrutores para confiar na gente.

Você tem uma carreira musical com o Poetas e Boêmios. O que lhe leva a dedicar parte do seu tempo ao musical do Porteira?
Pertencer a uma banda de música popular não interferiu na possibilidade de tocar o folclore, porque faz parte da minha essência toda essa dedicação ao Movimento Tradicionalista Gaúcho. A minha dedicação ao Porteira é sem dúvida relacionada com o afeto que eu tenho desde pequeno por esta entidade e as coisas da nossa terra, de Vacaria. Tenho orgulho de tudo isso.

O que a música gaúcha representa para você?
A música gaúcha faz parte da minha origem musical, desde o tempo que eu dançava nas invernadas. Ela me levou para muito longe, dando a possibilidade de conhecer outras culturas e países, tocando o nosso folclore.

Que sentimentos você tem ao ver as invernadas dançando enquanto você canta?
É indescritível o sentimento. Nós recebemos a energia do palco através da dança e sentimos a vibração de quem está assistindo. É uma comunhão de sentimentos, principalmente quando vemos as crianças, que representam uma ponte para que a cultura não se perca.

CARLOS ARIEL DEBONA

O violonista Carlos Ariel Debona concilia a vida de agricultor com a de músico.

Você teve alguma influência na música?
Iniciei por influência do meu avô modesto Debona, que tocava violão e me ensinou os primeiros acordes.

Como foi seu contato com o CTG Porteira do Rio Grande, visto que você mora em Lagoa Vermelha?
Meu contato com o CTG começou através de um amigo, o Everton Hoffmann, que já havíamos tocado junto. Um dia me ligou pedindo se eu não gostaria de fazer parte do musical e eu aceitei.

Há alguém na música gaúcha que lhe inspire?
Sempre me inspirei no Marcelo Caminha, desde pequeno. Já tocamos juntos algumas vezes e nos tornamos grandes amigos.

Qual o papel que o músico tem na sociedade?
A missão de um músico é trazer alegria, união e levar amor ao coração das pessoas.
A música está em todo lugar, a todo tempo, por isso creio que somos iluminados por ter a música na alma e tocar o coração das pessoas através dela.

ALAN DOS REIS ZOTTI

O gaiteiro Alan dos Reis Zotti, além de integrar o musical, participa dos concursos de gaita, inclusive sendo bi-campeão do Rodeio Internacional de Vacaria. Ele diz que o amor pela família e amigos é o principal motivo de fazer parte dessa família chamada CTG, não só o Porteira mas todos os CTGs, e acredita que é isso que faz a roda girar.

Qual foi seu primeiro contato com a música?
Na minha família o único musicista é um tio casado com a irmã da minha mãe. Eu comecei com sete anos, quando aprendi as primeiras notas sozinho e o “parabéns pra você”. Como esse meu tio tocava, me deu as primeiras dicas, porque até então não sabia nem que nota eu estava tocando e que existia nota. Com oito anos meu pai me colocou na primeira aula de gaita com o professor Lauvir Siqueira, que foi meu mestre, amigo e conselheiro até meus 14, 15 anos.

Como você ingressou no tradicionalismo?
Quando tinha nove anos fui para o Querência de São Pedro, que logo virou Brinquedo de Amigos, onde eu só participava de concurso de gaita. Comecei a me envolver mais com danças e concursos no Grupo de Cultura Gaúchos de 35, onde tio Hélio Corrêa me deu as primeiras aulas de dança e nas pausas eu “roubava” a gaita dele pra tocar um maçanico, um pezinho. E aos poucos fui aprendendo e me envolvendo com CTGs, me convidavam para tocar um rodeio aqui, outro ali, até que surgiu uma oportunidade de tocar fixo no Porteira, onde estou há 15 anos tocando nos concursos de gaita e faço parte do musical. Conquistei muitos títulos por esse CTG que eu amo tanto, entre eles bi-campeão do Rodeio Internacional da Vacaria.

Além de integrar o musical, você também participa de concursos em rodeios. O sentimento é o mesmo?
O concurso de gaita dá um frio na barriga, uma adrenalina boa, uma sensação única de energia. Você se sente realizado de poder tocar uma música boa, parece que alimenta a alma.
Já nas danças nós temos uma responsabilidade imensa, porque envolve muita gente, não podemos errar, é muita concentração.

O que você tem a dizer para as crianças que iniciam na gaita?
O recado para as crianças e jovens que queiram aprender, ou que já sabem um pouco, é nunca desistir se for o sonhos deles, porque é um caminho maravilhoso, com muita amizade e carinho. Também pode ser uma “baita” profissão, desde que esteja com pessoas certas e leve a sério, se dedicando ao máximo, com humildade, e nunca parar de aprender. Busquem professores que vão lhe ajudar a desenvolver a música para saber o que está tocando, que nota é, que harmonia é.

EVERTON CRISTIANO HOFFMANN

O outro gaiteiro, que também toca baixo e violão, é Everton, que herdou o talento do pai Clodomiro. Ele, proprietário de uma empresa de peças e assessórios para caminhão, dedica parte de seu tempo também ao tradicionalismo.

Você ainda era criança quando iniciou na música?
Eu acredito que eu iniciei na música antes mesmo de caminhar, influenciado dentro de casa pelo meu pai Clodomiro, que tinha conjunto, e meu irmão Edson, que também é músico. Desde muito pequeno eu já tinha instrumentos musicais.

E seu contato com o CTG como e quando começou?
Aos oito anos tive meu primeiro contato com o CTG, quando comecei como o gaiteiro das invernadas da escolinha. Na época, a coordenadora era a dona Luisa Brem Amarante, que me buscava em casa e me levava com minha “gaitinha” para tocar para as crianças. A partir disso, eu peguei gosto e resolvi dançar também.

Seu pai era o gaiteiro das invernadas principais. Que recordação você tem daquela época?
É uma época que eu tenho muita saudade. Recordo dele tocando, sempre rodeado de amigos, também tenho ótimas lembranças das nossa viagens, tomando chimarrão e contando histórias. Sem dúvida, foi a pessoa em que me inspirei, queria ser como ele, gaiteiro e tocar para as invernadas.

O que representa para você estar no lugar que um dia seu pai ocupou no musical do Porteira.
Tenho uma sensação muito boa de ficar no “lugar” que foi do meu pai. Isso me traz muita alegria e nostalgia, e graças a Deus as pessoas também me querem bem como queriam a ele. Meu pai deixou um grande legado no tradicionalismo, e para qualquer lugar que eu vá as pessoas lembram dele e contam histórias. Era uma pessoas de muita relevância no meio das invernadas, ele era muito autêntico e todos os gaiteiros usavam o Tio Clodo como referência. Ele deve ter “ido” com a certeza que o seu dever foi cumprido.

EDERSON DE LIMA GERLACH

Ederson, que toca guitarron, teve seu ingresso no tradicionalismo em Esmeralda, através da dança. Na música, foi convidado, junto com Cassiano, a tocar no CTG que a Universidade de Caxias do Sul possuía e após ingressou no CTG Porteira do Rio Grande, a convite de Luiz Bandeira.

Como e quando você começou na música?
Eu iniciei na música por influência do meu pai e do meu irmão, que me deram um “violãozinho” quando eu tinha sete anos. Por volta dos 10 anos eu conheci o Cassiano Paim no colégio e desde então fazemos música juntos.

A música lhe ajuda a levar a vida de uma forma mais leve, tendo em vista sua profissão?
Eu sou inspetor de polícia, uma profissão bem pesada, afinal vejo cenas complicadas quase todos os dias, e a música serve como um relaxamento.

O que música representa para você?
Para mim, a música é um lazer, relaxamento e amor, não uma obrigação, ela proporciona eu estar envolvido com os amigos, nos lugares que gosto.

Há alguém na música gaúcha que lhe inspire?
José Claudio Machado, Luiz Marenco e Luiz Carlos Borges são pessoas que sempre ouvi e gosto muito.

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